Quando comecei a escrever este post, queria escrever sobre viajar na Alemanha, viajar em Inglaterra e viajar de autocarro, coisa que parece extinta. Mas por falta de tempo e pelas mesmas viagens, fui lendo jornais, fui lendo notícias sobre outros viajantes. Outros viajantes, que ao contrário de mim, não são bem-vindos onde chegam, se chegarem e não são queridos donde partem. Falo dos milhares de refugiados as portas da Europa. Depois de ler notícias
destas e
destas. O meu post pareceu-me ridículo. Aqui estou eu a balbuciar sobre viagens na Europa, encontros com amigos e familiares, alegrias e inconvenientes como atrasos, avarias ou cansaço, e milhares estão a arriscar as suas vidas por uma réstia de esperança que a Europa os salve. O que me faz diferente de estes milhares? Não sei... eles também tem família e amigos, ou já tiveram e perderam, eles também tem sonhos e medos como eu. Acho que a diferença entre mim e eles é que eles estão do lado de lá e eu tive a sorte de nascer do lado de cá.
Não, não estamos todos no mesmo barco. Nem do lado de cá. Depois de ouvir as declarações do ministro alemão do interior Hans-Peter Friedrich (mais sobre políticas
aqui) a dizer que os emigrantes em Lampedusa são um problema de Itália, não há duvidas e não há respeito pela vida humana. Onde esta o respeito pelos direitos humanos, que a Europa gosta tanto de exigir aos países do terceiro mundo? E se há um terceiro mundo, quem e que o criou? Não foi Deus com certeza.
Perante todas estas questões, a minha pequena realidade parece muito pequena para fazer alguma diferença.
Mas faz. Tenho que acreditar que faz. Como as gotas no oceano ou os grãos de areia no deserto.
O que fazer? Amar, amar perto e longe. Continuar a amar a família e os amigos e a vida. Continuar amar os que estão longe e há tantas formas de o fazer. Lutar por justiça e igualdade, defender os direitos humanos e acima de tudo consumir com consciência.
"mi vida la deje entre ceuta y gibraltar" Clandestino - Manu Chao
Sem comentários:
Enviar um comentário